quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Novos gostos


Estou fazendo um curso de comida japonesa (Sushi e Sashimi).
Sempre gostei da cultura oriental. A calma, a paciência e o capricho são virtudes que preciso desenvolver na minha vida. A cultura japonesa possui estas qualidades (além da disciplina). Na culinária japonesa isso é levado a sério em todas as etapas.
No preparo do tempero (Asami), onde o vinagre é aquecido com açúcar e sal (até não ficar nenhum cristal, para que tenha o gosto exato), no preparo do shari (o arroz japonês, com mais amido, portanto não pode cozinhar fora do ponto, tem que acertar a quantidade de água, alga e saquê para que o cozimento seja perfeito). Shari que depois é temperado com asami e resfriado com leque para que não continue cozinhando após sair do fogo.
Mas é no preparo e montagem que a culinária japonesa mostra toda a face de sua cultura.
O corte dos peixes destinados para cada preparo, requer técnica e facas (muito, muito afiadas). Cada corte tem que ser na textura e coloração corretas, para não comprometer o gosto e a estética de cada peça. Cortar o pescado é uma arte.
Montar as peças de sashimi é uma atividade simples (a preparação dos ingredientes é o mais complicado). Cortar camarões (cozidos por dois minutos para não perder cor e textura), polvo, alga, moldar arroz para encaixar nas peças, todo este ritual torna a prática da cozinha japonesa uma terapia da qual eu não havia participado em toda a minha vida.
Montar as barcas, as pontes e os pratos (com nabo e cenoura ralada), colocando artisticamente as peças para aprimorar o visual (e o paladar) é um livre exercício de criatividade, que mostra toda a nossa capacidade de tornar algo que muitos vêem como trivial (o alimento), em uma forma de tornar o mundo mais belo.
O gosto, sim, o gosto da comida oriental é algo especial. Tudo é preparado de modo a nenhum sabor sobrepujar o outro. Cada prato tem a textura, o sabor para se fazer presente no paladar. Uma combinação equilibrada em que cada parte de cada peça tem o seu papel.
Certamente irei fazer bastante pratos em casa, pois além de muito bom é uma terapia que ajuda a relaxar e rever a importância de todas as coisas no trabalho final. Além de exercitar a atenção aos detalhes, coisa que nestes tempos de pressa sem causa, estamos esquecendo.

Um comentário:

Débora disse...

Ei, onde é o curso? Lá ainda tem aquele preconceito besta de que só homem pode preparar os pratos? De qualquer forma passa o contato.

Ah, o Tangos & Tragédias foi o máximo!