terça-feira, 26 de agosto de 2008

Venha ser


Venha ser a luz
Na escuridão dos meus dias
Venha ser o bálsamo
Da dor contínua de meu coração
Venha ser a água
No deserto que minha existência têm sido
Venha ser o fio de esperança
Nesta árdua trajetória
Onde só a dor é companheira
Venha ser o que preciso
Só desta vez
Faça feliz meu coração
Me faça sentir menos só

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Interior

Estive na semana passada viajando pelo interior paulista.
Cidades pequenas, pessoas amistosas, um certo quê do gosto da infância.
Dos tempos que meus pais compravam anotando no caderninho.
Tempo em que eu ia para a aula pela manhã e passava as tardes na rua brincando.
Meus pais nem sabiam onde estávamos, mas sabiam que estávamos bem(hoje meu vizinho tem duas crianças que nunca bricaram com a minha filha).
Nestas cidades pequenas (Itararé, Itaporanga, Avaré, Itapetininga, entre outras) as pessoas conversam, falam da sua vida sem reservas, apesar de lhe conhecer a poucos minutos.
As pessoas das cidades do interior podem estar perdendo o uso da tecnologia, da comunicação rápida, da moda vigente nas grandes cidades.
Mas não perdem o jeito humano de viver. De se interessar genuinamente por você, de ter prazer em criar seus filhos sem a pressa e a exigência de ser melhor que o outro (sim, hoje tratamos os amigos de nossos filhos como concorrentes).
Visitar lugares como este é parar para analisar como vivo hoje. Preciso dar um novo foco na minha vida e na forma como estou criando minha filha. Quem sabe fazê-la buscar mais as coisas, não ter todos os brinquedos que pede, desligar a televisão para que ela procure brincar de outras coisas (brincar com ela também), convidar as crianças de meu vizinho para brincar lá em casa com minha filha, buscar um gosto de infância que não vejo na infância dela.

E quanto a mim, quem sabe voltar a este tempo onde eu conversava com as pessoas sem a pressão de ser o melhor, de ser bem sucedido, onde eu era apenas um amigo, uma pessoa sem o interesse de mostrar o que tenho, o que represento, mas sim o ser humano que sou.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Entre pensar e falar...

Quando você me vê calado
Espera que eu fale
Mas guardo tudo comigo
Tristeza, alegria, ansiedade, euforia
Você entende, mas quer que eu solte
Que grite, que saia de minha casa
Meu lar, meu refúgio
Onde só o pensamento se solta
Sem contar nada ao mundo
Me entenda
Se soltar tudo o que penso
Posso até te magoar
Melhor deixar que os pensamentos amadureçam
Para que eu possa soltá-los aos poucos
Quando a loucura me deixar de lado
E o amor e respeito que tenho por ti
Não sejam machucados
Me entenda

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Presença



Juntando os pedaços
Do que vai seguir adiante.
A razão espera.
O meu coração distante daqui, em lugar desconhecido.
As pernas, no hemisfério sul.
Meus braços, em torno da África.
Meu olho esquerdo na India.
Minha orelha, esquecida em alguma vila em Portugal.
Para seguir junto
Cabeça-corpo-coração
Para viver por inteiro
Sentir e saber o que sente
Estar presente.
E ao final desta viagem em busca de mim mesmo
Te amar como você merece.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

A Internet no Brasil

A internet banalizou as notícias.
Você pode olhar site por site e verá a mesma noticia em todos. Tudo com uma cobertura superficial. Não existe na imprensa focada na internet o cuidado de pesquisa e texto que deve permear a boa imprensa. Tudo é focado na velocidade em que a notícia deve estar no ar (preferencialmente antes do site concorrente). O que acontece (ao menos comigo) é um desinteresse geral pelos sites como Terra, Uol, IG.
Eles apresentam notícias totalmente sem conteúdo. O que certamente irá acarretar numa diminuição dos anunciantes devido à baixa qualidade do que é mostrado.
Isto deve ser também uma tendência dos sites. Com mais pessoas de baixo nível cultural entrando na "grande rede" - visto o produto do momento ser os micro-computadores - os conteúdos devem ser curtos e diretos, sem muita profundidade e bem voltado para notícias sem importância, algo como "Tal celebridade pode estar grávida" - ou não.
Claro que os sites devem apresentar notícias curtas, mas também deve ter o cuidado de colocar no ar um conteúdo mais completo sobre os fatos, para que o interesse do internauta aumente e assim ele possa também ficar mais tempo acessando o site.
Isto certamente aumentaria os page views, bem como a exposição dos anunciantes.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

A Barca dos Amantes

Sim, sou de origem portuguesa (Pereira e Ferreira), com traços de italianos e alemães. Sim, vim de várias origens e de várias línguas. Cada qual com sua beleza e sonoridade. O português, com todas as suas nuances e formas, é uma lingua linda. Ontem vi em um programa de TV chineses cantando em português. Me perdoem os admiradores do mandarim, mas o som de nosso idioma é lindo demais. Para homenagear os patrícios portugueses deixo aqui uma poesia de Sérgio Godinho, "A barca dos Amantes", que foi musicada e interpretada por Milton Nascimento.

" Ah, quanto eu queria navegar
Pra sempre a Barca dos Amantes
Onde o que eu sei deixei de ser
Onde ao que eu vou não ia dantes

Ah, quanto eu queria conseguir
Trazer a Barca à madrugada
E desfraldar o pano branco
Na que for terra mais amada

E que em toda a parte o teu corpo
Seja o meu porta-estandarte
Plantado no céu mais fundo
Possa agitar-me no vento
E mostrar a cor ao mundo

Ah, quanto eu queria navegar
Pra sempre a Barca dos Amantes
Onde o que eu vi me fez vagar
De rumos meus, a cais errantes

Ah, quanto eu queria me espraiar
Fazer a trança à calmaria
Avistar terra e não saber
Se ainda o é quando for dia

E que em toda a parte o teu corpo
Seja o meu porta-estandarte
Plantado no seu mais fundo
Possa agitar-me no vento
E mostrar a cor ao mundo

Ah, quanto eu queria navegar
Pra sempre a Barca dos Amantes
Onde o que eu sei deixei de ser
Onde ao que eu vou não ia dantes

Ah, quanto eu queria me espraiar
Fazer a trança à calmaria
Avistar terra e não saber
Se ainda o é quando for dia "

Poético, romântico, emocionante, bonito demais.