sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Da dor de perder...


Vendo uma reportagem na televisão, sobre a enchente na cidade de Jaraguá do Sul, fiquei realmente comovido com o drama de um homem, que em um desmoronamento de encosta perdeu a mulher e três filhas.
Sinceramente, não sou de ficar comovido com dramas que vejo na televisão (até porque nossos telejornais viraram um reporte de desgraças, como se somente a podridão da alma humana fosse digna de notícia), mas esta reportagem em especial me comoveu pois este homem chorava copiosamente e eu, como pai de uma menina, me imaginei na mesma situação.
Ele tentou desesperadamente salvar sua mulher e suas filhas, mas o desmoronamento foi rápido demais, sem dar tempo para que ele pudesse socorrer as filhas e sua mulher no quarto onde estavam.
A dor estampada no choro diante das câmeras foi real. Foi o choro desesperado de quem perdeu tudo: sua casa, sua família, o amor que havia entre eles, toda a base que um homem precisa para se equilibrar e viver.
Chorei com ele. Uma dor que passa adiante é uma coisa impressionante. Derruba todos os muros de indiferença que possamos ter. Tira nossa casca de força (só os fortes sobrevivem neste mundo) e nos faz ter empatia. Se colocar no lugar do outro.
Que Deus (ou uma força superior para os descrentes) esteja junto a este homem. Que a família, seus irmãos e amigos dêem a ele o apoio necessário para que a vida possa seguir, e novas alegrias possam chegar.
Que a desgraça do mundo não seja a única coisa que nos faça ter sensibilidade, e sim a beleza, a poesia e a alegria de viver neste mundo.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Coração de Todo Mundo


Batendo pernas
Correr mundo afora
Vitrine do mundo
Lugares à mão
Ir onde seus olhos forem
Seguindo as palavras secretas do seu coração
Descer os rios da vida.
Pegar avenidas, escadas,
Ladeiras, metrôs
Conhecer tudo que é esquina
Nas águas das linhas estreitas de um ferry-boat
Coração de um mundo inteiro
Um abraço estrangeiro e tão familiar
Até se encontrar
Vestir estampas de Bali
As jóias da Itália
E o xale das moças de avis
Sentir no ar o perfume barato
Dos becos escuros da Velha Paris
Pegar um barco de junco
Um cesto de vime
Deixando pra sempre Xangai
Tomar os mares de Espanha
"No creio en las brujas
Pero que Las Hay, Las Hay"
Coração de um mundo inteiro
Um abraço estrangeiro e tão familiar
Até se encontrar

(Oswaldo Montenegro)

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Estou em Salvador, que pena!


Estou em Salvador, na Bahia.
Estou hospedado bem na cidade histórica, com suas igrejas ornadas com ouro (todo lugar que você mira o olhar tem uma igreja).
O problema é que como em todo centro de toda cidade brasileira, a insegurança ronda a todos. Moradores, turistas e trabalhadores sempre tem que tomar cuidado redobrado com os bandidos que não param de rondar.
O mais incrível é ter esta sensação de insegurança a cem metros do palácio do governo, junto ao Elevador Lacerda, em uma das mais bonitas vistas da cidade, a baía de todos os santos, perto do Pelourinho, em frente ao Mercado Modelo.
Mas não consigo andar tranquilo para apreciar a vista, preocupado e importunado por dezenas de pessoas querendo vender alguma coisa, ou ainda pessoas mal encaradas (nada de preconceito, mas a quantidade é muito grande).
Sem falar no lixo nas ruas. Uma população que deveria lucrar muito com o turismo mas tropeça nas suas próprias mazelas, como a falta de educação e percepção da grandeza de dinheiro que o turismo levado a sério traria para a cidade.
Imagino o centro histórico de Salvador como um lugar com igrejas restauradas, ruas limpas, barracas de souvenir organizadas, guias autorizados para levar as pessoas aos passeios, barracas de comidas típicas com condições de fazer alimentos saudáveis, policiamento ostensivo (como vi em Santiago do Chile), que deixam qualquer turista seguro em sua estadia. Isto sim traria riqueza formal para a cidade, e tornaria o centro histórico de Salvador um lugar que certamente iria voltar a visitar.
Tudo é muito bonito, mas não é seguro para visitar. Que pena.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Trecho de "O Pequeno Principe"


- Minha vida é monótona. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei o barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora como música.
E depois, olha! Vês, lá longe, o campo de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelo cor de ouro. E então serás maravilhoso quando me tiverdes cativado. O trigo que é dourado fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento do trigo...
A raposa então calou-se e considerou muito tempo o príncipe:
- Por favor, cativa-me! disse ela.
- Bem quisera, disse o principe, mas eu não tenho tempo. Tenho amigos a descobrir e mundos a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não tem tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres uma amiga, cativa-me!
Os homens esqueceram a verdade, disse a raposa.
Mas tu não a deves esquecer.
Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"
(Antoine de Saint-Exupéry)

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Em tempo


Mesmo que já fosse muito tarde
Pus a sombra da minha vida
Sobre as linhas de suas mãos

Tantos desacertos e disfarces
Coisas do meu coração

E engraçado é que eu não tinha medo
Que você me revelasse
Desenhasse os meus segredos
Sobre as linhas de outras mãos

Mesmo que já fosse muito tarde
Fiz silêncio em minha vida
Quando a gente se calou

Hoje evito ruas e olhares
Cruzamentos que se andou

Porque agora, eu juro, tenho medo
Que em tormento pelos bares
Você conte assim nos dedos
O que sonho e como sou

(Oswaldo Montenegro

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Tudo passa...


Tudo passa... tudo passará...
A vida vem em ondas como o mar
No ir e vir do infinito

Sim, grandes verdades nesta vida.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Nada acontece


Nada acontece a meu coração
O fogo da paixão foi embora
Nenhuma fagulha acende e ascende meu ser
Monotonia mórbida
Que escuta o som do tempo passando
A morte que se aproxima a cada avanço dos ponteiros do relógio
Socorra-me coração
Vida, apareça para que eu não perca o tesão por estar aqui
Fora preguiça e indiferença
Exulte de prazer, infle de coisas novas coração
Viva.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

O mau humor nosso de cada dia


Existem pessoas especialistas em estar de mal humor.
Diariamente destilam seu mal humor contra tudo e contra todos. Vivem a reclamar das pessoas e a desferir palavras ofensivas, como se todos estivessem errados.
Qual o motivo deste mal humor sem necessidade? Estar mal humorado ou zangado com alguma coisa é normal, o anormal é transformar isto em uma nuvem negra que impregna todo o ambiente de trabalho.
As pessoas devem direcionar sua raiva para as situações que causam seu mal humor. Não contaminar o ambiente com ele. Isto passa para todos que estão à volta.
O melhor é resolver estas situações, para evitar que todos sejam influenciados pelo mal humor.
Afinal de contas, tudo passa, tudo é superável, inclusive as situações que não nos deixam felizes. O que vai indicar em quanto tempo passa nosso mal humor, é a nossa ATITUDE diante dos problemas.Quanto antes resolvermos, mais rapidamente nosso humor volta a ser melhor.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Finados


Nunca gostei de cemitérios, a não ser pelo silêncio que geralmente você tem quando está neles.
Raramente (muito raramente) visito meus mortos. As pessoas tem que ser vistas, lembradas e vividas enquanto estão conosco. Depois de mortas, elas merecem o descanso e a lembrança viva em nosso coração.
Já muita gente adora ir ao cemitério. Conversam com seus mortos, limpam e decoram seus túmulos. Passam manhãs entre cruzes e lápides de pedra. Venerando a memória de quem fez parte de sua vida e se foi. Pedem desculpas, reclamam do que deixou de ser feito em comum, choram de arrependimento ou contam do seu dia. Como uma terapia onde extravasam tudo o que não podem contar para os vivos.
Penso que as pessoas que morrem e são queridas nunca estão em seus esquifes. Estão sempre vivas na lembrança, no coração. Em tudo de bom que fizeram nesta vida. Depois que morrem, dificilmente receberão minha visita. Meu mundo é hoje. O que passou deixa felicidade e esta fica comigo.
Pois a vida é viver o máximo que se pode, sem deixar de amar quem está com você. O que sobra da gente é somente a morada no coração de quem nos ama.