sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Batalhão de Anônimos


Certa vez li um artigo (não lembro a autora nem a época) que falava da indiferença que temos sobre as pessoas que não estão no centro de nossa vida. Este artigo falava do batalhão de pessoas que trabalham para nosso conforto e para que nossa vida corra normalmente e são anônimos.
Estive nesta semana em uma feira em São Paulo, e presenciei um batalhão de anônimos. Eram garçons, zeladoras, seguranças, montadores, atendentes, carregadores.
Pessoas comuns, como eu e você. Com uma história, uma família, filhos, maridos e esposas.
Todos relegados a segundo plano no furacão de eventos, das pessoas que estavam trabalhando para o evento onde negócios ocorriam , demonstrações eram feitas, pessoas visitavam.
Neste turbilhão de negócios, elas passavam sem te olhar nos olhos, curvadas, procurando não esbarrar ou fazer contato com os visitantes, numa discrição acapachante da própria existência.
Na mesma hora lembrei do artigo, e passei a olhar cada um como todo ser humano deve ser visto. Como uma pessoa real.
Olhei mais no rosto destas pessoas. Pude ver a preocupação com a hora de saída (tenho meus filhos em casa) a tensão na hora da chuva (hoje vou chegar tarde em casa), e até cumprimentei muitos (devem ter pensado que sou maluco).
São pessoas que numa multidão, não aparecem. Um batalhão de anônimos, que mantém a vida correndo sem sobressaltos. Limpam nossas ruas, guardam nossas casas, carregam nossas cargas, nos servem nos restaurantes.
Não damos a atenção devida a eles.
Subtraímos o ser humano ao serviço que ele nos presta.
Este é o resultado de um mundo que pensa em ganhar coisas e não apreciar as coisas.
Todos tem família, amigos, filhos, pessoas que dependem de alguma forma do que fazemos ao mundo, mas principalmente, do que somos ao mundo.
Que eu jamais perca a sensibilidade de saber que toda a pessoa representa algo mais do que ganha, mas que elas são importantes pelo que são ao mundo.

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