terça-feira, 25 de agosto de 2009

A Crítica Social em Paraíso...

Costumo não ver novelas. Folhetins de televisão passam longe da minha predilção, mas em tempos de chegar em casa e dar um tempo para minha mulher segurando minha filha, tenho visto a novela global das dezoito horas: "Paraíso".
A novela é um remake de uma antiga novela das seis da Rede Globo, mas agora escrita e dirigida por outro autor (Benedito Ruy Barbosa).É a trama onde uma menina criada por sua mãe para ser uma santa se apaixona pelo filho de um fazendeiro que segundo a lenda, cria um diabinho em uma garrafa. Como era de se esperar, a trama ficaria somente entre os encontros e desencontros desta história e as rodadas de viola dos peões de fazenda.
Mas, no meio de tantos escândalos onde a dita Rede Globo ficou em silêncio na sua crítica (claro, um dos maiores anunciantes da mesma é o governo federal), o autor coloca sua crítica social de forma contundente na trama da novela.
A trama passa por um período eleitoral, no qual todas as conhecidas armas dos candidatos são utilizadas, mas ele utiliza as pessoas mais esclarecidas na trama para explicar ao povo como devem ser conduzida estas situações.
Em um momento, vi a Santinha (desculpe, Maria Rita), como professora, explicando que o material "doado" por um candidato não deveria comprar o voto de ninguém, pois o voto deles, do povo humilde e sem instrução, tem o mesmo valor que o voto do candidato, e eram eles que elegiam o poder na cidade e no país. Este voto é tão importante que não deve se dobrar a este tipo de coisa.
Em outra oportunidade, o autor coloca em um diálogo de um casal novo, cujo futuro marido desejava ter muitos filhos, um aviso sobre o controle de natalidade. A futura noiva infoma que era melhor ter menos filhos, mas com educação para ter um futuro melhor.
O melhor é o padre (não lembro o nome agora), sempre atento às jogadas políticas da eleição fictícia da novela, que sempre orienta as pessoas o melhor caminho quanto às armadilhas que os candidatos (em geral) pregam nos eleitores.
E assim a trama segue, apesar do horário ingrato (deveria ser a novela das oito, para ter maior alcance), colocando sua crítica social de forma leve, divertida, sem a maldade e sacanagem pesada dos outros horários. Isto sim é um passatempo bom, com artifícios, como diziam os antigos, das velhas novelas de Dias Gomes, que colocava uma ácida crítica social em suas tramas, falando sobre o governo militar autoritário dos anos 70.
Enfim, um folhetim da Globo com utilidade não apenas de passar o tempo, mas instruir as pessoas.

Nenhum comentário: