quarta-feira, 4 de junho de 2008

Na Natureza Selvagem


Li o livro, vi o filme, estou relendo o livro.
Na Natureza Selvagem é um livro de Jon Krakauer (do excelente "No ar rarefeito"), que conta a história de Christopher McCandless (ou Alexander Supertramp), um jovem que após se formar com louvor na faculdade, abandona a família e todas as pretensões do mundo americano para rodar pelo mundo como andarilho. Leitor fanático de Trotski e principalmente Jack London (Caninos Brancos), ele percorre o oeste americano até ir para o Alasca, onde encontra a morte por inanição.
A história é simples e beira ao ridículo (sim, ir para uma área inóspita e cheia de perigos sem equipamentos adequados e preparo é para loucos), mas possui um valor inestimável. O valor que Christopher queria alcançar. O valor do ser humano pelo que ele é e não por aquilo que possui de bens.
Ele não conseguia viver em uma sociedade que valoriza mais o seu papel do que você.
Ele deu adeus a todas as pretensões de seus pais sobre seu futuro, carreira. Doou sua poupança de R$ 25 mil dólares, queimou o seu dinheiro, abandonou o seu carro no deserto e nunca mais falou com sua família (isto por ter desavenças ideológicas com seu pai) e viajou sozinho pelos Estados Unidos, arranjando bicos para sobreviver e se equipar para sua aventura alasquiana.
Nos lugares por onde andou como "Alexander Supertramp", Christopher McCandless pôde achar pessoas que gostaram dele pelo que ele era, não por sua aparência e posses. Gostaram dele por suas idéias e sua forma de ver o mundo. Nos relatos das pessoas que conheceram e viveram com ele, pode-se notar uma paixão e um pouco de estranheza ao ver uma pessoa tão articulada viver como um andarilho, alheio as regras da sociedade e sem perspectivas de futuro (na sociedade americana isto é um crime).
De fato é estranho, mas penso que ele deveria estar buscando relacionamentos autênticos, tipo daqueles que temos com colegas de infância (os que nos acompanham durante a vida). Relacionamentos baseados na confiança e na amizade sincera. Que não vêem aparências, títulos, posses, mas a essência de cada um.
Ele teria voltado do Alasca como um homem melhor, mas a natureza seguiu o seu caminho, ele não conseguiu voltar do Alasca antes do inverno acabar e morreu dentro do onibus onde se instalara, por intoxicação alimentar causada pelas plantas que comera na região.
Uma história triste mas com pontos positivos, como a de nos lembrar que valemos mais do que temos, e que as pessoas podem gostar uma das outras se passarem a ver o indivíduo além do seu papel na sociedade, sua essência, a delicadeza da alma de cada um.
Na sua história, há um relato em que ele fala que a vida sem incertezas seria muito ruim. Pois a graça da vida é aproveitar todo nosso potencial neste mundo e no que ele nos oferece, sejam coisas boas ou adversidades.No fundo, viver na certeza pode ser seguro, mas para quê segurança quando o que vale é o viver coisas novas. A alma humana se alimenta de novas experiências, com isso cresce e transforma o ambiente onde vive.

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